A questão é muito simples, com os avanços logísticos de grandes empreendimentos os meios de comunicação foram obrigados a supri a demanda, e após uma serie de idas e vindas, conhecemos as redes sociais.
Que funcionam de forma simples também, você compartilha as informações que no caso, julga de interesse de sua 'rede de amigos' - que você já viu ou não - para que você possa avisar a eles, sobre suas condições, ou algo do tipo. Além disso, também contribuindo para que você possa automatizar contatos, antes, de difícil acesso. Como o exemplo de uma pessoa que mora longe, e você não sabe o telefone, basta saber o nome da pessoa, com uma pesquisa rápida, e pronto, você já pode entrar em contato com ela.
M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O, não?!
E é, ou melhor seria, se as pessoas, ou melhor, uma grande parte dela, não utilizasse as redes para fins de status sociais, e substituíssem as boas conversas, por chats.
Mas vamos por partes. Primeiro, pela parte boa das redes.
Ao criar um mecanismo de união social, com o claro objetivo de unir e agilizar conversas, você consegue mobilizar, e informar pessoas de forma muito simples e rápida. Assim, as manifestações de Junho/Julho só foram conquistadas através de mobilizações virtuais, da mesma forma como a primaverá árabe, a revolta turca, grega, entre outras, todas com divulgação em peso pelas redes sociais.
Mas, em contrapartida, há tempos que através das massificações da rede, e das políticas de capitalismo extremos nelas, vemos uma certa ignorância desnecessária na população jovem, que está nesse meio. Não falo nem da maioria, isso, em algumas realidades é minoria, mas todos temos esses tipos de pessoas em nossos laços digitais. Essa ignorância, foi conquistada, depois de muitas horas a frente de um computador, onde o individuo, permanece sem ao menos fazer algo, sem a menor perspectiva de vida, somente coexistindo através de analises sobre a vida de outros.
E isso, talvez seja o menor dos problemas.
Outro grande problema, são as nossas conversas, temo em um dia, que terei que contar emoções aos meus netos, por bate-papo. Isso, me cheira muito a Ray Bradbury.
Ao longo da trajetória humana, toda as histórias hoje conhecidas, éticas, valores, conceitos, e estudos, foram feitos através de horas de conversas cara a cara. Nossas tradições, eram conhecidas durante tardes ensolaradas com café, e bolo. Hoje, em poucos cliques, você pode saber tudo, de forma fria, sem emoção, sem humanismo, somente nas frias letras.
E podemos ver o reflexo dessas escolhas hoje, mais timidez, menos coragem, mais "curtis", menos avós interagindo com netos, mais pseudo-intelectuais, menos sábios, mais frases ideológicas, menos frases de conforto e verdadeira amizade.
O que enfrentamos na verdade, é que começamos a ter medo de enfrentar os verdadeiros amigos, que afrontam, mas auxiliam, e começamos a buscar pseudo-amigos, que no caso, achamos em meios virtuais, que ao contrario dos amigos, te mandam frases prontas.
E o romantismo? As décadas mudam, e vemos menos poetas, mais compartilhamentos, menos criatividade, mais cópias, xerox do real.
Não se tem uma serenata, um jantar a luz de velas. Agora os casais, ficam lado a lado, compartilhando que estão juntos, só para jogar na cara dos 'recalques'.
A sociedade, está aproveitando de pequenas oportunidades para abusar de suas ignorâncias, e arrasar com ela mesma.
Falando nisso, bateu uma vontade de fazer um poema pra uma menina, conversar com um idoso, jogar bola na praça, ou simplesmente, coexistir ao meio de uma conversa em família. Largar os meios sociais, e desfrutar de nossa própria alma, de seus valores, e de seus segredos, relaxar e admirar a beleza que é ver uma criança a sorrir.
Nós temos que explorar nós mesmos, ao nosso interior, a complexidade de nossas almas e esquecer de viver para a rede, a rede deve nos servir e não ao contrário.
As redes sociais tem muitos benefícios, e hoje, auxiliam nossos planos, sonhos, projetos, e etc. Mas precisamos ter cuidado, sem ser reacionário, mas sim ser atento, se não, as redes sociais, ultrapassaram a nossa própria existência, se continuarmos nesse ritmo, as sequencias da nossa natureza serão formas primitivas de existir, e então, faremos tudo online, nossa vida será na rede.
E na rede, somente seremos espectadores de qualquer aventura, ou forma de vida.
Então deixaremos de viver. E morreremos em nossas próprias escolhas e criações.
0 comentários: